O time de Dorival Júnior foi bem no primeiro tempo. Na segunda etapa, mergulhou na afobação, tensão. Mostrou durante todo o jogo fraco sistema defensivo. Com o meio-campo escancarado. Pressionado para vencer, Dorival se perdeu. Decepcionante 1 a 1, em Maturín
“Foi um jogo franco, as duas equipes buscando o gol a todo momento. Um jogo agradável de se ver, as equipes querendo o resultado. Acredito que o Brasil tenha tido um volume um pouco maior de jogo, isso foi importante.
“Mas infelizmente acabamos concluindo em gol apenas uma das oportunidades criadas. Acho que precisamos melhorar a todo momento, a equipe vem em uma crescente, começando a adquirir uma confiança importante.
“Tenho certeza de que teremos jogos ainda melhores pela frente.”
As frases são de Dorival Júnior, após o frustrante empate contra a Venezuela.
Ele falou como se o adversário fosse a Argentina, França ou Alemanha.
Não os venezuelanos, que preferem basebol e basquete ao futebol.
E que jamais foram a uma Copa do Mundo.
Era o antepenúltimo colocado das Eliminatórias contra o pentacampeão mundial.
As estatísticas estavam ao lado de Dorival, mostrando o equilíbrio.
Com 12 arremates ao gol do Brasil e 11, sim, onze, da Venezuela.
1 a 1 mais do que justo.
A meta era o Brasil conseguir, finalmente, três vitórias consecutivas.
Afinal, enfrentava a fraca Venezuela, em Maturín, pelas intermináveis Eliminatórias Sul-Americanas.
Vinicius Júnior era o grande atrativo da partida.
Chance para a América do Sul ver o injustiçado na escolha de melhor do mundo.
O atleta que balançou a credibilidade da Bola de Ouro da revista France Football.
Ele não estava nas vitórias contra o Chile e Peru.
Vinicius Júnior foi o retrato do time de Dorival, instável, tenso.
E que decepciona quando começa a passar confiança.
Ficou explícito que foi a Seleção que o impediu de ser escolhido como grande jogador do planeta em 2023/2024.
Nas mãos de Fernando Diniz e Dorival Júnior, ele é antítese do atacante fabuloso do Real Madrid.
O empate em 1 a 1 acabou mais do que justo.
Por várias circunstâncias.
No primeiro tempo, o Brasil encurralou a Venezuela, que marcava mal, principalmente pela esquerda.
Criou várias chances.
Mas em um contragolpe, Vanderson deu um pontapé em Martínez e merecia ser expulso, aos 36 minutos.
Seria, se o árbitro colombiano Andrés Rojas tivesse o mínimo de coragem de enxergar o que acontecia.
E não estivesse tão preocupado em fazer média.
O que melhor funcionou no Brasil foi a dupla Raphinha e Vinicius Júnior, se revezando pelo meio e pela ponta.
Gerson dava mais qualidade nos passes na intermediária, Savinho ciscava, abria espaços pela direita.
Igor Jesus, enfiado entre os zagueiros, parado, foi o pior.
Acompanhado por Abner, que fugia do ataque, assim como Vanderson.
Selecionados ou times, que marquem, mas também ataquem, estão fadados a serem muito mais facilmente marcados.
Com volume de jogo maior, com a colaboração do respeito excessivo da Venezuela, o Brasil saiu na frente.
Aos 42 minutos, Raphinha cobrou falta.
No canto do goleiro Romo, que deu um passo para cobrir a barreira e não teve explosão muscular para se atirar na bola.
1 a 0, Brasil.
Justiça no placar, àquela altura do jogo.
Só que veio o segundo tempo.
E aos 40 segundos, uma simples troca de bola venezuelana pegou a defesa brasileira aberta.
Mal colocada, com Gerson e Bruno Guimarães dando todo o espaço para a articulação.
O volante Segovia, que entrou no intervalo, recebeu bola açucarada de Savarino.
E estufou as redes de Ederson.
1 a 1.
Foi o que bastou.
Os nervos dos jogadores da Seleção se desmancharam.
Acabou a paciência para a troca de bola, a confiança para as penetrações, a sincronia na troca de posições do meio para o ataque.
A afobação, o nervosismo, a situação de empatar com a fraca Venezuela, e os previsíveis reflexos, tomaram conta dos brasileiros.
Mas tudo poderia ter sido cortado ‘na raiz’.
Vinícius Júnior se mostrou muito mais veloz em uma bola esticada e ganhou de Romo, que o derrubou.
Pênalti.
Aquele que deveria ter a Bola de Ouro na sua casa tomou a cobrança de Raphinha.
Lembrando que Raphinha é o cobrador oficial da Seleção, marcou duas vezes contra o Peru, na última partida das Eliminatórias.
Só que Vinicius Júnior queria se impor como o protagonista do Brasil.
Fez o que quis, com a conivência de Dorival Júnior.
Bateu mal demais, facilitou a defesa de Romo.
A partir dos 16 minutos, quando o Brasil perdeu a cobrança, o controle emocional foi embora de vez.
Inclusive do treinador da Seleção.
Ele se comporta como se precisasse mostrar a cada partida que merece o cargo.
Dorival tratou de ir enchendo o time de atacantes.
Queria, de maneira desesperada, vencer a partida.
Sem meio de campo, sem neurônios, tenso, o Brasil nada criou.
O vergonhoso foi, além da retranca, os venezuelanos apelarem até para o sistema de drenagem, para travar a partida.
A água começou a jorrar, obrigando a paralisação do jogo, para enervar mais ainda os brasileiros.
Truque sujo, velho.
Mas que deu certo.
E o Brasil teve de se contentar com o 1 a 1, resultado que traz instabilidade ao técnico e ao ambiente da Seleção.
A Seleção não consegue vencer três jogos seguidos desde antes da Copa do Mundo de 2022.
Empatar com a Venezuela seria motivo de muita vergonha no passado.
Mas está virando algo normal.
Nestas Eliminatórias foram dois jogos.
Dois empates em 1 a 1.
O que é pior…
Os brasileiros estão se acostumando com os vexames do time pentacampeão do mundo.
O distanciamento da população da Seleção só cresce.
Faltam apenas um ano e sete meses para a próxima Copa.
Por mais que todos na CBF tentem disfarçar, o momento é muito delicado.
E medo do futuro…
Por Cosme Rímoli|Do R7