CCJ da Câmara começa a analisar PEC que pretende acabar com aborto legal no Brasil; entenda

Deputados governistas devem travar iniciativa da oposição. PEC apresentada em 2012 inscreve na Constituição o direito à vida ‘desde a concepção’.

A Comissão de Constituição, Justiça e de Cidadania da Câmara dos Deputados começou a analisar terça-feira (11) uma proposta de Emenda à Constituição (PEC) que, na prática, proíbe o aborto no Brasil, mesmo nas situações hoje autorizadas em lei.

Atualmente, o aborto é permitido em três casos no país:

  • anencefalia fetal, quando uma malformação do feto levando à ausência de cérebro, calota craniana e couro cabeludo, o que impede qualquer possibilidade de o bebê sobreviver, mesmo se chegar a nascer;
  • gravidez que resulta de estupro; e
  • risco de morte da gestante.

A PEC, apresentada em 2012 pelo então deputado Eduardo Cunha, acrescenta a expressão “desde a concepção” no dispositivo que trata dos direitos e garantias fundamentais dos cidadãos e prevê a “inviolabilidade do direito à vida”.


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CCJ da Câmara começa a analisar PEC que pretende acabar com aborto legal no Brasil; entenda

Deputados governistas devem travar iniciativa da oposição. PEC apresentada em 2012 inscreve na Constituição o direito à vida ‘desde a concepção’.

Por Luiz Felipe Barbiéri, g1 — Brasília

12/11/2024 00h00  Atualizado há 9 minutos

https://9fe62e7d1aa85220cf30c25008e6784f.safeframe.googlesyndication.com/safeframe/1-0-40/html/container.html

A Comissão de Constituição, Justiça e de Cidadania da Câmara dos Deputados deve começar a analisar nesta terça-feira (11) uma proposta de Emenda à Constituição (PEC) que, na prática, proíbe o aborto no Brasil, mesmo nas situações hoje autorizadas em lei.

Atualmente, existem três situações em que o aborto é permitido no Brasil. — Foto: AFP

Atualmente, existem três situações em que o aborto é permitido no Brasil. — Foto: AFP

Atualmente, o aborto é permitido em três casos no país:

  • anencefalia fetal, quando uma malformação do feto levando à ausência de cérebro, calota craniana e couro cabeludo, o que impede qualquer possibilidade de o bebê sobreviver, mesmo se chegar a nascer;
  • gravidez que resulta de estupro; e
  • risco de morte da gestante.

A PEC, apresentada em 2012 pelo então deputado Eduardo Cunha, acrescenta a expressão “desde a concepção” no dispositivo que trata dos direitos e garantias fundamentais dos cidadãos e prevê a “inviolabilidade do direito à vida”.

“A discussão acerca da inviolabilidade do direito à vida não pode excluir o momento do início da vida. A vida não se inicia com o nascimento e sim com a concepção”, justificou Cunha ao protocolar o texto.

Na avaliação de especialistas ouvidos pelo g1, a aprovação do texto resultaria na revogação do direito das mulheres ao aborto nas situações já previstas no Código Penal e na jurisprudência do Supremo Tribunal Federal (STF).

“[A PEC] acaba proibindo o aborto mesmo nos casos autorizados e mesmo em situações dramáticas, quando for para salvar a vida da mulher”, afirmou a professora da Faculdade de Direito da Universidade de Brasília e ativista Débora Diniz.

Ela lembra que, independentemente da decisão tomada pelo Congresso, o tema será decidido pelo STF, onde já tramitam ações a respeito do aborto.

Descriminalização do aborto no Brasil

O aborto é crime no Brasil e a regra prevê que a mãe e os demais envolvidos no procedimento podem ser processados.

Em setembro de 2023, o Supremo Tribunal Federal (STF) começou a julgar a ação para descriminalizar o aborto feito por mulheres com até 12 semanas de gestação.

A ministra Rosa Weber era relatora do processo e registrou seu voto a favor da descriminalização. O ministro Luís Roberto Barroso, presidente do STF, pediu destaque no julgamento e a votação foi suspensa.

Em fevereiro, Barroso disse em entrevista que o STF não julgará a ação neste momento. Para ele, não cabe neste momento ao Supremo decidir sobre uma prática que a maioria da população é contra e o Congresso também expressa esse sentimento.

Relatório e trâmite

A relatora e vice-presidente da comissão, deputada Chris Tonietto (PL-RJ), protocolou parecer favorável à admissibilidade do texto.

“Não se vislumbram, outrossim, quaisquer incompatibilidades entre a alteração que se pretende realizar e os demais princípios e regras fundamentais que alicerçam a Constituição vigente e nosso ordenamento jurídico”.

Após a leitura do parecer, os deputados governistas devem pedir vista – mais tempo para análise do projeto – o que adiará a votação para a próxima semana.

Se aprovada na comissão, a PEC ainda terá de ser analisada por uma comissão especial e só depois será pelo plenário. Cabe ao presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), decidir se pauta ou não a proposta. Para aprovar uma PEC na Câmara são necessários, pelo menos, 308 votos favoráveis.

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Carlos Sodario

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