Durante a transmissão, “líderes” do grupo submetem usuários a vários tipos de violência, de estupros virtuais a automutilação
A Polícia Civil de São Paulo instaurou inquérito para investigar uma plataforma online por apologia à violência digital. Segundo o que foi divulgado, a rede social descumpriu solicitação emergencial para derrubar uma transmissão ao vivo que exibia cenas de violência para crianças e adolescentes.
Ainda de acordo com o que foi divulgado, durante a transmissão, os “líderes” do grupo submetem usuários a vários tipos de violência, de estupros virtuais a automutilação. Eles também usam a plataforma para comercializar pornografia infantil.
O episódio foi flagrado por policiais do Noad (Núcleo de Observação e Análise Digital) durante um monitoramento de um grupo envolvido na divulgação de cenas de violência para centenas de usuários da rede social. “Nós solicitamos aos responsáveis da plataforma para derrubarem aquele servidor porque acabaria com o crime imediatamente” , explica a delegada coordenadora do Noad, Lisandréa Salvariego.
Não era emergencial
Ainda de acordo com ela, no caso específico, os investigadores flagraram muita violência sendo transmitida ao vivo, por isso, foi determinado o fim da transmissão, que não foi atendido, sob argumento de que o pedido não era emergencial.
Um relatório de inteligência, com provas e argumentos comprovando os crimes foi elaborado e encaminhado ao DHPP (Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa), que instaurou inquérito policial em 28 de março para aprofundar as investigações.
A plataforma responsável pela transmissão online já foi intimada e os representantes da empresa no país e demais pessoas serão ouvidas. “É extremamente importante para qualquer investigação que haja uma intensa colaboração por parte das plataformas” , argumenta a delegada.
União
Ela acrescenta que no caso, mesmo diante de cena tão violenta, não houve apoio. “Se tivéssemos, poderíamos impedir essa incitação a algo horrível” , declara, cobrando união de todos os setores envolvidos para combater esse tipo de crime, que tem como maioria das vítimas, menores de 18 anos.
Segundo o que foi divulgado, os usuários da rede social promovem as transmissões para centenas de pessoas em troca de “fama” e “reconhecimento” na comunidade digital. Maiores de 18 anos também foram identificados pelos policiais infiltrados nas transmissões.
Sobre o Noad
O núcleo, criado por meio da resolução 67/2024, tem o objetivo de integrar as polícias de modo que seja realizado um monitoramento contínuo das redes sociais para evitar as práticas criminosas que atingem crianças e adolescentes. O Noad conta com agentes atuando infiltrados 24 horas por dia em comunidades e grupos de internet.
A SSP (Secretaria da Segurança Pública) implantou em São Paulo o primeiro Núcleo de Observação e Análise Digital para combater crimes virtuais contra crianças e adolescentes. A iniciativa tem o objetivo de impedir a expansão da violência nas redes sociais, como estupros virtuais e a comercialização de pornografia infantil.
Todo material coletado durante a investigação embasa um relatório de inteligência que é anexado ao inquérito policial e, posteriormente, é submetido ao Poder Judiciário com eventuais pedidos de buscas, prisões ou internações. Os agentes também agem na iminência de uma ação criminosa, acionando outros departamentos policiais para intervenção.