
Carmen de Oliveira Alves; mulher trans de 26 anos assassinada no Dia dos Namorados em Ilha Solteira
O Ministério Público de São Paulo denunciou três homens pela morte de Carmen de Oliveira Alves, de 26 anos, mulher trans assassinada no Dia dos Namorados, em Ilha Solteira. A denúncia foi assinada pela promotora de Justiça Laís Bazanelli Marques Deguti, que atribui aos acusados os crimes de feminicídio, ocultação de cadáver e fraude processual.
Segundo a Promotoria, dois dos denunciados devem responder por feminicídio qualificado — cometido para assegurar a impunidade de outros delitos — além de ocultação de cadáver e fraude processual. O terceiro é acusado de participar dos dois últimos crimes.
De acordo com a investigação, a vítima e o principal acusado mantinham um relacionamento conturbado havia cerca de 15 anos, iniciado ainda na juventude, quando ambos estudavam na Unesp de Ilha Solteira. O homem não assumia publicamente o relacionamento e se envolvia com outras pessoas, o que gerava discussões constantes.
Em mensagens enviadas a uma amiga meses antes do crime, Carmen relatou estar sendo ameaçada e chegou a afirmar que, caso algo lhe acontecesse, o responsável seria o companheiro. Pouco antes de ser morta, ela teria criado um arquivo digital com informações comprometedoras sobre o acusado, relacionadas a outros possíveis ilícitos.
Conforme o Ministério Público, no dia 12 de junho, Carmen foi até o sítio do namorado, com quem havia apresentado um trabalho acadêmico na Unesp naquela manhã. No local, ela foi atacada e morta. Um segundo suspeito chegou pouco depois e, segundo a acusação, aderiu à conduta criminosa, ajudando a ocultar o corpo e a eliminar provas.
Após o crime, os envolvidos destruíram objetos, apagaram vestígios de sangue e manipularam evidências digitais para dificultar as investigações. Até o momento, o corpo da vítima não foi localizado.
A promotora Laís Deguti afirma que o homicídio teve como motivação assegurar a impunidade do principal acusado em relação a outros crimes. Além da denúncia formal à 1ª Vara Judicial da Comarca de Ilha Solteira, o Ministério Público pediu a manutenção das prisões preventivas dos dois detidos e a decretação da prisão do terceiro envolvido.
Por Guilherme Renan